sábado, 18 de janeiro de 2014

POR QUE VOCÊ QUER EMAGRECER?

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Fazia muito tempo que eu queria escrever sobre isso aqui no blog. Acho tão estranho que em plena época de tentar mudar os padrões de beleza tantas pessoas ainda buscam o “corpo perfeito” e vivem uma vida cheia de regras/privações.
Regras disfarçadas com a desculpa de melhorar a saúde. Quero deixar muito claro que sei perfeitamente a importância de cuidar do nosso corpo, ter uma alimentação balanceada e se exercitar. Estar muito acima do peso não é saudável para ninguém, mas ser magra não é sinônimo de saúde. Não estou dizendo para ninguém ficar o dia todo deitado na cama comendo batata-frita e também não estou dizendo que você, que se preocupa com seu corpo, está errada. Mas antes de começar mais um #projetoverão e comprar um tênis neon para usar na academia, te pergunto: por que você quer emagrecer?
É claro que é muito difícil escutar um “ame o seu corpo” e levar a sério sendo que crescemos sendo bombardeados de referências que nos dizem o tempo todo: ser magra é bonito, ser gorda é feio. Elas estão lá o tempo todo, até mesmo nos filmes para crianças. As gordinhas são as losers que não arrumam namorado, a magrinha loira do cabelo liso é a menina perfeita, linda e feliz. Quantas vezes você não viu algo parecido na televisão?
Como mudar a nossa mentalidade para entender que não precisamos ter uma barriga trincada para ter saúde e ser feliz? É difícil demais, eu sei. É cruel essa lavagem cerebral que fazem com a gente desde que nascemos.
Mas a verdade é que ninguém é perfeito. Se o seu peso te traz problemas de saúde é claro que você precisa se cuidar, mas de resto, qual é o problema de ter uma barriguinha ou celulite? Qual é o problema de não ter braços musculosos? Qual é o problema em ter o tal culote que até hoje eu não sei o que é? Qual é o problema em vestir 44 e não 34? Foda-se o comercial de televisão que diz que você precisa ser magra feito uma modelo de passarela. Você NÃO precisa. A única coisa que você precisa ser é feliz.
Por acreditar que sim, nós podemos e devemos mudar essa ditadura da beleza, queria dividir um pouco da minha história com vocês.
Antes que alguém comente: “É fácil falar isso, você é magra” peço que leiam o post e tentem entender que o que quero dizer é que independente do seu peso o que importa acima de tudo é aprender a gostar de quem você é. Ser bonita vem de dentro para fora.
Sempre fui uma pessoa magra. Não como vocês me conhecem hoje, MUITO mais magra, pelo menos 10 quilos mais magra. A meta da minha vida era nunca pesar mais do que 50 quilos (eu tenho 1.65 de altura), então eu sempre ficava monitorando meus 49 quilos. Se o número 5 surgisse na frente ao subir na balança eu descia antes mesmo de esperar completar e já ficava o dia todo sem comer. Vocês vão achar que estou exagerando, mas era assim mesmo que acontecia. Já fiz todas as dietas que você pode imaginar, já fiquei sem comer, já bebi muuuuita água para disfarçar a fome, já participei de grupos ana/mia no Orkut, já joguei comida fora para fingir que tinha comido.
Depois de um tempo a meta da minha vida mudou e eu até podia pesar mais do que 50 quilos, mas o meu IMC sempre tinha que ser sempre abaixo do recomendado para a minha altura (?). Dentro de algum lugar da minha cabeça eu me achava gorda e lembro direitinho de me olhar no espelho e ver claramente as gorduras imaginárias que nem sequer hoje, com mais de 10 quilos a mais, eu tenho. Como iria ter naquela época? Acredito que tenha sido por muito pouco que não desenvolvi nenhum problema mais sério em relação a minha alimentação. Olhando para trás consigo ver claramente que eu precisava de ajuda.
Comecei a trabalhar e sai da rotina alimentar saudável da minha casa. Minha mãe sempre foi muito preocupada com isso e as refeições em casa eram repletas de coisas que fazem bem e suco natural de frutas. Não tinha como comer isso no meu estágio. Eu tinha 30 minutos para almoçar e o restaurante mais próximo era o Habib’s.
Engordei e nunca vou esquecer o dia que sai da farmácia chorando (literalmente) quando não só o cinco no monitor da balança, mas também o quatro ao lado. 54 quilos era inaceitável, eu precisava emagrecer (?). E a minha vida foi sempre assim, uma eterna briga com a balança. Acontece que eu estava envelhecendo e meu corpo estava mudando. Com 20 anos meu corpo estava claramente me dizendo que não dava mais para pesar a mesma coisa de quando eu tinha 14. Mesmo assim continuei a briga. Entre um verão e outro lá estavam elas: as dietas.
Mais ou menos uns dois anos atrás comecei mais uma dieta e dessa vez foi diferente. Eu não conseguia emagrecer. Passei duas semanas inteiras fazendo a mesma dieta que sempre fiz, dando umas escapadas de sempre e estava me sentindo mais magra, mais bonita. Coloquei um vestido que eu jurava que ficava péssimo duas semanas atrás e fui me pesar. Nada. A diferença na balança era mínima e achei que estava quebrada. Foi em outra. E em outra. Realmente não tinha emagrecido. Foi então que, pela primeira vez na vida, entendi que o problema com o meu peso não estava no meu corpo e sim na minha cabeça. Só o fato de falar que estava de dieta já fazia com que eu me sentisse mais magra e logo minha auto-estima melhorava. Era completamente psicológico.
Naquela mesma semana vi umas fotos da Avril Lavigne na praia e por costume invejei aquele corpo magriiinho sem nenhuma celulite. Pensei comigo mesma que queria ter o corpo dela. Depois de alguns minutos parei para pensar no que tinha acabado de pensar e me senti ridícula. Qual é o motivo de desejar ter o corpo de uma pessoa que não sou eu? O que tem de errado com o meu corpo que o dela é melhor? Eu nasci com esse corpo, que funciona perfeitamente, qual é o motivo de não estar satisfeita com ele?
Consegui claramente entender que sempre quis “manter o peso” para agradar os outros. A troco de nada. Para pagar as minhas contas no final do mês ninguém nunca me ajudou, então qual direito eles tem de dizer como eu devo ou não gostar do meu próprio corpo? Eu me sentia bem e feliz sendo eu mesma e só queria emagrecer para que na praia ninguém percebesse a gordurinha que o meu biquini apertava, a gordurinha que a Avril Lavigne não tem. Mas somos pessoas diferentes. Ela é linda do jeito dela e eu sou linda do meu jeito.
Daquele dia em diante nunca mais me pesei (já são dois anos sem subir na balança) pois entendi que os números só colaboravam mais ainda com as minhas neuras. Continuo com o mesmo peso e sei disso pq minhas roupas continuam as mesmas, o que realmente mudou foi a forma como eu me vejo no espelho. Tem épocas que percebo que estou mais magra, outras sei que engordei, mas me sinto bonita do jeito que eu sou e parei de me comparar com outras pessoas. Claro que não sou perfeita, ninguém é. De vez em quando ainda desejo ter pernas mais finas, mas não deixo de usar shorts e saias por causa disso. Como besteiras no final de semana, sem culpa e sem exageros. Mas se no meio da semana aparecer um brigadeiro não vou dizer não. Pelo contrário, vou dizer sim e comer vários se me der vontade. Depois de muito sofrer tentando me adaptar a tão sofrida esteira finalmente encontrei um exercício físico que amo e me divirto fazendo, algumas vezes por semana ando de patins no parque escutando minhas músicas favoritas.
Não visto mais 36 e tenho mais celulites do que antes, mas quer saber? Essa calça 40 fica linda em mim e veste super bem. 

Por: Ana Paula Buzzo 

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